Diante dos impactos observados da situação crítica de estiagem que já afeta mais da metade dos municípios pernambucanos, uma atualização sobre este quadro e um detalhamento das medidas que já vêm sendo empreendidas para enfrenta-lo foram dados, numa entrevista coletiva, ocorrida na última segunda-feira (30), na sala de situação da Agência Pernambucana de Águas e Clima, Apac, no bairro de Santo Amaro, no Recife. Até o momento, 94 municípios pernambucanos decretaram situação de emergência. A maioria deles, inclusive, teve reconhecimento oficializado, por meio de Portaria do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional – MIDR, consolidando-se, assim, um cenário de escassez de recursos hídricos, que, por sua vez, compromete o abastecimento d’água e traz reflexos diretos nas condições de vida da população e na economia local.
“Para além dos 94 municípios citados já com emergência reconhecida, estudos internos da Compesa apontam para a necessidade de alargamento desta situação para mais cidades, tendo em vista a situação de vulnerabilidade dos mananciais que os abastecem, caso as previsões de chuvas abaixo da média sejam concretizadas”, explicou o secretário de recursos hídricos e Saneamento do estado, Almir Cirilo. De acordo com o monitoramento da Agência Pernambucana de Águas e Clima, Apac, Pernambuco encontra-se, na maioria de seu território, em condições de seca moderada a grave, com impactos diretos no abastecimento d’água para consumo humano, especialmente nas regiões do Agreste e Zona da Mata.
A previsão climática para o trimestre janeiro/fevereiro/março de 2025 indica acumulado de chuva de normal a abaixo da normal e temperaturas acima da média climatológica para todo estado de Pernambuco, ainda segundo a Apac. “Será um trimestre considerado seco para a Região Metropolitana, Zona da Mata e Agreste, enquanto que no Sertão, onde seria a estação chuvosa, poderão ocorrer pancadas de chuvas isoladas de intensidade moderada a forte, porém concentradas em poucos dias, seguidos de períodos com dias secos”, disse a diretora presidente em exercício da Apac, Crystianne Rosal.
Este cenário, portanto, demanda uma mobilização de esforços intersetoriais, para garantir a assistência adequada às populações vulneráveis e a intensificação do planejamento para o enfrentamento da emergência, visando minimizar os impactos nos municípios afetados pela baixa pluviosidade.
Sabidamente, Pernambuco já convive, permanentemente, com a realidade de ter o pior balanço hídrico per capta do país. “Sendo assim, as ações da Defesa Civil estadual em relação aos municípios que sofrem com o desastre da estiagem ocorre de forma contínua, durante todo o ano, considerando que este desastre é gradual. O foco principal das ações é fazer com que o município tenha seu decreto de emergência reconhecido pelo Governo Federal. Para isso, damos todo o apoio técnico, com visitas, auxílio na documentação e em todas as etapas necessária para que as gestões municipais possam acessar os recursos federais de assistência, como por exemplo a operação carro-pipa do Exército Brasileiro”, esclareceu o major Luiz Otávio Constantino de Melo, coordenador de articulação e gestão de riscos da Secretaria Executiva de Proteção e Defesa Civil de Pernambuco.