Os corpos dos detentos mortos no massacre que deixou 58 vítimas no presídio de Altamira, no sudoeste do Pará, foram alocados dentro de um caminhão frigorífico durante a perícia. De acordo com o secretário-geral da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PA), Eduardo Imbiriba, os cadáveres estão sendo armazenados em condições inadequadas, o que pode comprometer o andamento das investigações sobre o caso.
"Os cadáveres estão dentro de um caminhão. Aqui é um local fundamental para a identificação dos cadáveres e investigação do caso e não tem as mínimas condições de se alojar um cadáver. Está certo que a situação é atípica, mas o Estado deve proporcionar para esse segmento estrutura para trabalhar", destacou.
Segundo o secretário-geral, o local dispõe de seis médicos legistas, três odontólogos e um perito. Ele afirma que o número de profissionais é insuficiente para a análise de mortos com características diversas, como decapitação, esquartejamento, asfixia e carbonização. Ainda de acordo com Eduardo Imbiriba, o reconhecimento dos corpos exige exames de DNA e outras técnicas que o local não é capaz de oferecer.
"A resposta sobre os crimes deve ser rápida, mas cuidadosa. Além da situação que eu disse, temos a completa falta de estrutura do IML. Nós, enquanto OAB, não podemos deixar de manifestar indignação perante essa situação. A situação do IML aqui é ruim. Aqui não tem a capacidade logística para suportar um evento nesse natureza", declarou.
Em nota, o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves (CPCRC) informou que fez uso do caminhão frigorífico pela necessidade para armazenar os corpos em temperatura ideal para que eles fossem necropsiados. O uso do veículo faz parte de um procedimento em casos excepcionais. O Centro reforça que os corpos dos 58 detentos foram necropsiados em tempo célere, por terem sido preservados no caminhão frigorífico.
Em relação ao efetivo da Unidade Regional do CPCRC em Altamira, a direção informa que o número de servidores é o suficiente para atender a demanda normal do município. As mortes dos 58 detentos foi um caso atípico para Unidade Regional, mas recebeu reforço da força tarefa da sede de Belém, formado por três Odontolegista, quatro peritos criminais, três auxiliares de necropsia, além de dois peritos criminais de Santarém para atender a situação.
Sobre a necessidade de "todos" os corpos passarem por exame de DNA, o IML contesta a informação, sobretudo, porque até o momento 27 corpos já foram liberados aos parentes.
Fonte : G1